Seres pensantes

“Ao chegarmos em casa, a primeira coisa que fazemos é ligar a TV, o rádio ou o computador.” É mais ou menos isso que Martha Medeiros, escritora gaúcha, diz em uma de suas crônicas. A escritora filosofava sobre nosso medo de pensar e sobre nossos esconderijos para fugirmos da nossa própria mente.


E é verdade. Se pararmos para refletir, temos medo de pensar naquilo que falamos e não deveríamos ter falado, naquilo que não fizemos e deveríamos ter feito, naquilo que vamos escolher, naquilo que não precisamos nem pensar (pois já passou), naquilo que temos que enfrentar, naquilo que se chama vida. Quem sabe o que poderemos encontrar quando ficarmos em silêncio? Penso, logo existo. René Descartes já sabia a importância do pensamento. Pensar pode trazer os detalhes daquilo que não vemos no nosso olhar superficial do dia a dia.

No dicionário, pensar é o processo pelo qual a consciência apreende em um conteúdo determinado objeto, refletir, formar, combinar ideias. Meditar, raciocinar. Supor, cuidar, imaginar. Cogitar, planejar. Podemos encontrar em nossos pensamentos aquilo que tentamos encontrar na internet, na televisão, no celular.

Pensar... e conversar. Já que estamos falando das interferências tecnológicas, as conversas também ficaram para trás. Viraram vídeos no Youtube, viraram novela das 9, viraram MSN, Orkut, Facebook. Às vezes, podemos encontrar uma grande ideia em uma simples conversa entre amigos, uma solução em um papo com a mãe, com o pai ou irmãos e até mesmo com pessoas desconhecidas.

Tudo bem. Não vivemos sem essas parafernálias todas da tecnologia de hoje. Precisamos buscar informações, precisamos estar atualizados, precisamos de referências. Mas será que alguns momentos de reflexão não ajudariam a resolver alguns de nossos maiores problemas e alguns de nossos maiores dilemas? Será que algumas referências não estão em nós mesmos ou ao nosso lado? As conversas pessoais deveriam ser mais praticadas, mas, por outro lado, o silêncio também deveria ser um exercício diário, para que assim nos tornemos seres pensantes. De verdade.
 
Por Lina Licious Bennemann. Publicitária, amiga, cantora e dançarina de boate nas horas vagas.
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