sexta-feira, 23 de julho de 2010

De repente

Vous-voulez se marier avec moi?, disse ele ao abrir uma caixinha preta aveludada. Em seu interior um anel que de tão brilhante ofuscou minha visão. Anel de ouro branco com uma pedra que, se não era diamante, era qualquer outra muito parecida para meus olhos leigos.
Talvez uma estrela que ele havia roubado do céu e mandado lapidar, como ele sempre disse que faria ao me pedir em casamento. Seus olhos azuis eram de magnânima beleza, refletindo, além de muito amor, minha face rubra e estupefata. Afinal, não era para ser agora, não assim. Ao menos eu não esperava que fosse. Meu vestido simples e meu scarpin da coleção passada não estavam planejados para essa ocasião.
Minha maquiagem devia estar borrada.
Poucas lágrimas deixaram meus olhos, mas o suficiente para marcar rastros de rímel sobre minha bochechas. Eu podia sentí-los.
Ele não se ajoelhou no chão como de costume nos romances épicos que eu adorava ler e nas novelas dramáticas que eu não perdia um capítulo. Mas ele chegou bem próximo de mim, depois que tomamos a última taça de vinho.
J'ai été promu, desculpou-se para um jantar excepcional em plena terça-feira. O que o fez querer isso logo numa terça-feira?
Je n'aurais pu pas attendre encore. Je voudrais vous afficher plus tôt mon amour pour vous.
Eu não falava nada, eu não me movia. Nada se movia, além do meu coração, batendo tão forte que os outros poderiam escutá-lo. Ele tocou a minha mão fria, acariciou e beijou. Fiquei arrepiada.
Ele tirou a jóia da pequena caixa e colocou no meu dedo. Senti certa dificuldade para servir, mas logo a peça valiosa - mais sentimental que materialmente - já estava encaixada.
Fazia parte de mim.
Assim eu pensava. E sentia.
E não foi preciso dizer sim. Ele sabia que era o amor da minha vida, o meu príncipe no cavalo branco. Nunca foi segredo que eu o amava mais.
 
Eu aceitei, sem precisar dizer "sim".
 
 
(Créditos ao tradutor Luca Fustinoni. Obrigada.)

1 comentários:

Tati disse...

Perfeito!

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