Esse documentário é dirigido por Sabina Guzzanti, atriz e comediante, na Itália, em 2005.
Guzzanti tem seu programa descontinuado após o primeiro episódio, pois os políticos do governo Sílvio Berlusconi consideraram o programa uma humilhação às pessoas ali retratadas, eles mesmos.
Processada, ganha na justiça, mas não consegue voltar ao ar. Acaba fazendo seu programa ao vivo mesmo.
O nome do progama, RAIot, é uma sátira com o nome da emissora e a palavra em inglês riot, que significa motim.
Zapatero'' é uma referência a José Luis Rodríguez Zapatero, paradigma da liberdade de expressão na televisão espanhola.
SINOPSE:
# Poucos artistas e jornalistas na Itália de Silvio Berlusconi se dispunham a furar o círculo censura-reclamação-aceitação. Pelo menos é isso o que achava a atriz Sabina Guzzanti, autora de cáusticas imitações do homem forte do país. Em novembro de 2003, quando teve seu programa Raiot “descontinuado” logo após a primeira emissão e foi processada pelos advogados do império Berlusconi, ela resolveu quebrar o círculo. Viva Zapatero! é essa tomada de atitude.
O filme, referido como o Fahrenheit 11/9 italiano, é a crônica de uma indignação, embora se beneficie do humor na medida do possível. Afinal, é de sátira que se trata. Ao longo da projeção, vemos diversas cenas da belíssima Sabina escondida atrás de próteses que lembram vagamente Berlusconi. Sua melhor imitação, porém, é da então presidente da RAI, com direito a vesguice e dialeto. Censurada na TV, Sabina passou a se apresentar em teatros e a repercutir, através do filme, o descompasso da Itália em relação ao resto da Europa no que diz respeito à liberdade de expressão e à confusão entre interesses políticos e econômicos.

Mas Sabina prima pela independência. A ponto mesmo de expor a leniência da esquerda italiana com a censura e criticar colegas jornalistas que se resignam ao jogo do poder e se acovardam diante do medo de perder empregos. A mídia na Itália é uma farsa, grita bem alto Viva Zapatero!. Ovacionado no Festival de Veneza de 2005, o doc virou peça de militância pela liberdade de expressão no país.
La Guzzanti é muito clara em suas posições, mas soa obscura quando se trata de intitular seus trabalhos. O programa Raiot, por exemplo, fazia um trocadilho com a emissora RAI e o termo inglês riot (violência pública). Viva Zapatero! alude ao filme Viva Zapata! (sobre a revolução mexicana) e ao atual presidente da Espanha, que separou a TV pública do poder político como primeira medida do seu governo socialista. São títulos demasiadamente conceituais, que esvaziam um pouco a comunicação de seus trabalhos. Da mesma forma, a narração em inglês destoa um pouco do cabal engajamento do filme na realidade italiana.
De resto, é um doc potente e mobilizador. A edição ágil cria um bom fluxo de materiais bastante distintos, que vão da vulgaridade estética da TV ao estilo “quente” de um cinema-verdade aplicado a uma causa política. Sabina Guzzanti é uma personalidade forte no centro de tudo, em plena luta para reverter a morte do telejornalismo investigativo na Itália. É por aí que Viva Zapatero! alcança seu sentido universal.
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